Para se ser feliz não precisamos de acrescentar nada, pelo contrário, temos de subtrair: largar imagens interiorizadas, despedir-nos de ideias pré-concebidas, soltar visões cristalizadas que infalivelmente deturpam, nos afastam do outro e da realidade, em suma, desaprender.
A felicidade é o nosso estado natural, se nos permitirmos dizer o grande Sim. Contudo…
Aderir incondicionalmente à realidade não é tão fácil, dado que as nossas imagens interiores estão sempre presentes, lutando contra a própria realidade e impedindo que ela nos sustente e que a ela nos entreguemos. (Joan Garriga, 2014)*
O apego às imagens é um estado emocional que nos faz acreditar que se a realidade não for de tal ou tal forma, não conseguiremos ser felizes; coloca-nos num estado de permanente reactividade, de divergência, que gera ainda mais imagens.
E como conseguimos passar de um estado ao outro? Pondo-nos em contacto com as nossas imagens interiores, relacionando-nos com as nossas experiências emocionais, sobretudo as mais sombrias.
Se conseguirmos afastar um pouco essas imagens interiores (abra-se parênteses, retirar-lhes o painel de controlo), a realidade vem ao nosso encontro tal qual como é e a todo o instante. (Ibid.)
Isto exige-nos um perseverante processo de tomada de consciência, portanto, de contacto com, e de desapego, na sequência do qual a mudança ocorre de modo natural e sem esforço, sobretudo sem o esforço da vontade.
E tomando-a [à realidade], agradecemos; e agradecendo a tomamos. E então estaremos profundamente de acordo em ser quem somos, tal como somos, a cada momento. E assim entregamo-nos e expandimo-nos cada vez mais e com isso servimos e sentimo-nos apoiados. (Ibid.)
Sábios, filósofos, teólogos e místicos de todos os quadrantes tentam ensinar-nos isto. Apenas podem apontar-nos a direcção, pois a vivência não se pode obter pelas palavras. Se assim fosse, mais não seria que (mais uma) programação.
O ponto de partida das constelações familiares é a projecção das imagens internas que a pessoa tem sobre as suas relações pessoais e sobre o lugar que ocupa nos pequenos grupos a que pertence. A mudança psicológica que o processo das constelações familiares põe em marcha ocorre por via da transformação das imagens internas. É uma experiência tocante, levando ao contacto com as imagens interiores, produz compreensão (muitas vezes súbita) do sentido de determinados comportamentos e situações repetitivas em que a infelicidade radica.
Nos dias 29 e 30 de Junho de 2024, Joan Garriga estará no Porto para conduzir um workshop de constelações intitulado “Constelar a Vida”, título também do seu mais recente livro – Constelar la Vida (2024) -, onde irá abordar os grandes temas da viagem da vida, as constantes que pautam a nossa viagem existencial: vínculo, reciprocidade nas relações e lugar de pertença de cada um.
Junte-se a nós nesta jornada de descoberta com este psicoterapeuta que com perspicácia e bom humor tão sabiamente facilita o trabalho da constelação.
Eva Jacinto, 05 Junho 2024
* Joan Garriga (2014). La llave de la buena vida. Saber ganar sin perderse a uno mismo y saber perder ganando a uno mismo. Ed. Destino. (Texto traduzido por Eva Jacinto)
Desenho de Chihiro Iwasaki