CONSTELAÇÕES FAMILIARES
O QUE SÃO CONSTELAÇÕES FAMILIARES?
Constelação familiar é uma ferramenta criada e desenvolvida pelo psicoterapeuta alemão Bert Hellinger. Trata-se de uma técnica através da qual se conseguem identificar dinâmicas disfuncionais em que estamos envolvidos, que causam mal-estar e infelicidade.
As dinâmicas disfuncionais podem ocorrer em qualquer sistema de relação a que pertencemos – a família, a escola, o local de trabalho, o círculo social, etc. – por isso esta técnica aplica-se com sucesso a diferentes sistemas, sendo essa a razão pela qual por vezes se designam também por constelações sistémicas (termo genérico), por constelações organizacionais (que abordam os problemas das organizações), por pedagogia sistémica (ao serviço da comunidade escolar e de aprendizagem e às suas dinâmicas específicas), mediação sistémica (aplicadas à mediação de conflitos) e direito sistémico (aplicação no âmbito da justiça e do Direito).
A constelação conduz a uma clarificação sobre essas dinâmicas, o que torna possível tomar direcções novas e efectuar mudanças no sentido da resolução dos problemas.
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Ao permitir a exploração destas imagens internas, as constelações familiares conduzem à compreensão e à descoberta do sentido de padrões repetitivos de comportamento, os quais estão na origem de limitações e obstáculos à realização pessoal. A mudança psicológica que o processo das constelações familiares põe em marcha ocorre por via da transformação das imagens internas. O procedimento nas constelações familiares inicia-se com a apresentação de um tema/problema pelo cliente – a pessoa interessada em colocar a constelação pessoal. Segue-se uma breve entrevista, onde se procura saber aquilo que o cliente gostaria de resolver e onde se recolhe informação factual acerca do problema e do sistema familiar.
O facilitador necessita apenas de recolher informação essencial e concreta, não se interessando por conhecer as opiniões ou explorar cognitivamente os sentimentos associados, pois esse tipo de informação tem um efeito dispersivo. Não é necessário ao cliente expor demasiada informação acerca do assunto a trabalhar, o importante é que o problema seja formulado de forma concreta, tangível e em resposta a perguntas básicas como “qual é o problema?” ou “o que deseja conseguir?” Fornecerá também alguns factos importantes, tais como: quem pertence à família? ocorreu algum acontecimento especial na família que tenha marcado o destino desta?
Após esta recolha de informação segue-se a decisão sobre os elementos que irão ser configurados na constelação, que normalmente consistem na própria pessoa e alguns membros da sua família, mas poderá também ser um elemento abstracto, como um aspecto da personalidade, uma doença, uma casa, um país, dependendo esta decisão do problema que esteja a ser trabalhado.
Entre as pessoas presentes no grupo são escolhidos representantes para esses elementos ou membros da família, os quais são então dispostos no espaço de forma a representar como a pessoa sente que se apresentam as relações entre tais pessoas (ou elementos) na realidade – por esta razão se diz que os elementos são configurados em constelação ou constelados. Constelação é na verdade uma corruptela da palavra alemã Aufstellen (significa configurar, colocar), corruptela que teve origem nos falantes de língua inglesa.
A partir daqui, os representantes movem-se de acordo com aquilo que espontaneamente sentem ou percebem, a nível físico ou emocional. De facto, quando os representantes de uma constelação são situados uns em relação aos outros, começam a ter sensações e a exibir reacções que não correspondem a nenhuma vontade consciente da sua parte; de repente já não actuam e sentem como eles próprios, mas como os membros do sistema que representam, chegando inclusivamente a desenvolver os sintomas físicos dessas pessoas. Este fenómeno não está cabalmente explicado pela ciência (embora haja várias aproximações à sua explicação dentro da neurologia e da biologia) mas é precisamente este “efeito” que se utiliza para “constelar” o problema da pessoa, desdobrar as dinâmicas intrincadas e procurar uma via de solução.
O papel do facilitador é o de acompanhar o cliente no desenvolvimento da dinâmica. Orientando-se através do que capta na expressão verbal, corporal e emocional dos representantes, ajuda-os (facilitando) no desdobramento dessa expressão e na assistência aos movimentos de conciliação, procurando uma imagem de solução ao problema.
Numa sessão de constelações familiares pode participar-se de três maneiras diferentes:
1) como cliente, colocando a sua própria constelação;
2) como representante na constelação de outra pessoa;
3) assistir, mas mantendo-se incluído no círculo de pessoas que sustentam a constelação.
Seja qual for a posição em que se encontre, todos realizam trabalho para a constelação em curso e todos podem também beneficiar com a constelação, uma vez que se podem obter compreensões profundas sobre processos pessoais. Entrar no “campo” de uma constelação familiar permite o contacto consigo próprio: porque nos revemos em aspectos que até aí estavam ocultos, porque o campo do outro contém facetas que nos são comuns, ou porque se tem a oportunidade de presenciar os movimentos de solução e crescimento que operam no outro. O efeito de uma constelação é muito profundo, por isso é importante uma atmosfera grupal de cooperação atenta e de respeito. Em geral é uma vivência impressiva e muito enriquecedora.
Aplicação das constelações
As constelações familiares podem ajudar em muitas situações, especialmente quando se trata de problemas que se repetem continuadamente e que se demonstram muito resistentes à mudança. Pode contribuir de forma significativa para melhorar os relacionamentos, sejam eles entre familiares, de casal ou nas relações laborais e similares. É actuante na resolução de conflitos, interpessoais mas também intrapsíquicos. Na resolução de traumas e de sentimentos persistentes de angústia e/ ou ansiedade. É aplicável na necessidade de clarificação de tomadas de decisão. Ajuda a pessoa a ligar-se a si própria de forma mais profunda e autêntica.
É um trabalho que interessa não somente a pessoas afectadas por algum destes problemas, e que desejem abordá-los através da realização de uma constelação, como também a pessoas interessadas no seu crescimento pessoal. Enquanto observador/ participante pode adquirir-se uma melhor compreensão sobre o próprio sistema familiar, o que leva a movimentos internos importantes. Como representante vivencia-se frequentemente um leque de experiências e emoções muito amplo, que conduz a familiarizar-se com aspectos negados ou mal compreendidos de si, a conhecer identificações inconscientes próprias, assim como recursos internos e possibilidades de mudança até aí desconhecidas.
As constelações familiares não providenciam o fim mágico dos problemas, nem o apoio afectivo de que possa estar a sentir falta. Constituem um instrumento que o ajudará a enfrentar os possíveis emaranhamentos sistémicos na conexão com a sua família, a sua herança transgeracional e as suas responsabilidades pessoais. Ajudam-no a manter-se centrado e activo, a estar e a permanecer na capacidade e na responsabilidade adulta.
Constelações individuais
As constelações individuais fazem-se com recurso a figuras ou outros elementos que permitam a configuração espacial, classicamente os bonecos tipo Playmobil. Ocorrem em sessões onde apenas se encontra o cliente e o facilitador.
As imagens que advêm da configuração são trabalhadas através do conceito de projecção. Isto significa que através delas se pode explorar juntamente com o cliente o seu mundo interno, a sua maneira de conceber as relações e de interactuar.
Pode-se dizer que através das figuras o mundo interno do cliente é exposto e compartilhado e através deste diálogo vão-se explorando significados pessoais, reformulando e construindo uma visão mais ampla da situação problemática. É um trabalho bastante diferente da constelação em grupo. Nalguns casos pode ser mais apropriado fazer uma constelação familiar individual. Por exemplo, pode ser útil fazê-lo antes de colocar a constelação em grupo, para obter uma clarificação preliminar da situação e do pedido do cliente, mas pode também ser útil fazê-lo após participar numa sessão de grupo, pois permite ajudar a integrar melhor os movimentos que se levantaram durante a sessão. Em qualquer caso, se deseja colocar uma constelação pessoal, quer seja em grupo quer seja individualmente, pondere o seguinte: o problema/ tema a colocar deve sempre ser uma questão séria. Uma constelação com base em questões triviais, por curiosidade ou interesse superficial tem pouca força, não se gerando a sensibilidade necessária para fazer emergir o efeito sistémico actuante no sistema pessoal, sendo improvável que obtenha qualquer compreensão efectiva. A constelação é realizada na consulta se se considerar ser uma intervenção adequada para a pessoa, caso não se afigure como tal, optar-se-á por outro tipo de intervenção.
Para saber mais sobre constelações familiares e experimentar o campo de conhecimento e informação que se gera numa constelação, o melhor é mesmo participar numa sessão. Pode simplesmente assistir ou disponibilizar-se para ser representante na constelação de outra pessoa. Não é forçoso que se disponibilize como representante, poderá apenas assistir. Também não é garantido que seja escolhido para representar, pois estas escolhas dependem das percepções que se tenham no momento. Compreenderá melhor o porquê desta determinação após passar pela experiência de uma sessão de constelações familiares.
Para saber mais sobre constelações familiares, pode consultar os Artigos e Vídeos neste site.
Participar numa sessão em grupo
Numa sessão de constelações familiares em grupo pode participar-se de três maneiras diferentes:
1) como cliente, colocando a sua própria constelação;
2) como representante na constelação de outra pessoa;
3) assistir, mas mantendo-se incluído no círculo de pessoas que sustentam a constelação.
Seja qual for a posição em que se encontre, todos realizam trabalho para a constelação em curso. Por outro lado, todos podem beneficiar com a constelação, no sentido em que se podem obter compreensões profundas para si próprio a partir da constelação de outra pessoa.
Por favor, note: ao participar numa sessão de constelações em grupo compromete-se a tratar como confidenciais todas as informações sobre as pessoas do grupo e a não as transmitir a terceiros. Se participar colocando um tema pessoal, você assume a responsabilidade sobre o que os outros participantes fiquem a saber de si. Cada pessoa assume-se responsável pela sua própria participação.
A validade das constelações familiares/ sistémicas não é reconhecida pela Ordem dos Psicólogos Portugueses. Esta ferramenta – constelações familiares – não pretende ser um meio de diagnóstico, de tratamento, de cura ou de prevenção de qualquer condição psicopatológica ou de sofrimento psicológico.
O efeito de uma constelação é muito profundo, por isso é importante uma atmosfera grupal de cooperação atenta e de respeito. Em geral é uma vivência impressiva e muito enriquecedora.
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