Joan Garriga – Excerto do artigo EL ARTE DEL BUEN AMOR
Publicado no jornal La Vanguardia em 12-06-2013
Ao trabalhar com os problemas das pessoas, descobrimos que muitas não se assentam naquilo que lhes vem dos pais (os quais simbolizam a vida), preferindo recusar-se a tomar o que receberam, pensando que assim se resguardam daquilo que lhes parece ser negativo. No entanto, dessa forma raramente se encontram em paz consigo próprias e com a vida, não dando aquilo que têm para dar.
Em vez disso, empobrecem-se e limitam-se, colocam-se em posições de vitimização ou de ressentimento ou outras posições de sofrimento. Tomar o que vem dos pais, mesmo que isso inclua feridas dolorosas, e trabalhar emocionalmente sobre isso parece funcionar como uma espécie de salvo-conduto para alcançar o bom amor e também como um antídoto contra muitos males: induz-nos a assumir a responsabilidade pela nossa própria vida e a renunciar a jogar jogos psicológicos invalidantes, cheios de sofrimento, por exemplo, com o nosso cônjuge, com os filhos ou com o contexto profissional.
Em relação aos nossos iguais, a regra é a de manter as relações equilibradas, garantir a paridade e a igualdade de posição. Damos, tomamos, compensamos, equilibramos e somos livres. E se continuamos juntos, é fazendo uso da nossa liberdade e não por nos sentirmos em dívida ou como credores. É um clássico nos conflitos de casal, onde costuma haver desequilíbrios na relação, de tal maneira que um dos membros pode sentir-se devedor ou credor e depois já não conseguem olhar-se nos olhos um do outro com confiança e abertura do coração.
Em suma, ajuda muito às pessoas e às famílias que haja uma ordem: ordenar o amor, plasmá-lo numa boa geometria das relações humanas, na qual todos sem excepção estejam incluídos e igualmente dignos de respeito e de consideração, cada um no lugar exacto que lhe corresponde e nutrindo-se uns aos outros de tal maneira que consigam crescer em vez de sofrer. Aqui está, pois, o bom amor.
Joan Garriga. El Arte del Buen Amor. Artigo do jornal La Vanguardia, publicado em 12-06-2013.
Acedido aqui: https://www.lavanguardia.com/cultura/20130612/54375903295/constelaciones-familiares-arte-amor.html
Excerto traduzido do espanhol por Eva Jacinto
Desenho original de Adolfo Serra