O Assentimento

Quando aceito alguém tal como ele é, ele liberta-se de mim, e eu liberto-me dele. Simultaneamente o meu assentimento une-me a ele. Através do meu assentimento, vem até mim; ele vem, livre, ao meu encontro.

Perante mim não precisa de esconder nada. Não precisa de se esconder porque para mim ele pode ser exactamente como é. O meu assentimento permite que ele se mostre diante de mim. No meu assentimento ao outro, também assinto a mim tal como sou. Dado que assinto a mim mesmo, mostro-me tal como sou, porque o meu assentimento a mim é independente do assentimento dos outros em relação a mim. É certo que o meu assentimento a mim próprio, e uma vez que graças a ele não tenho de esconder nada frente aos outros, também torna mais fácil que os outros assintam a mim. Através do assentimento íntimo a mim mesmo, torno-me igual a eles e não me encontro nem acima nem abaixo deles.

O assentimento é um movimento criativo. O seu efeito permite avançar. Põe algo em movimento. Ao mesmo tempo, supera o que se lhe opõe. Nivela-o. Através do assentimento a mim, aos outros e a tudo no mundo tal como é, as nossas relações tornam-se mais simples, pois estão para além das nossas próprias expectativas e angústias. Tudo se desenrola à sua maneira e ao mesmo tempo está ao serviço de tudo o resto.

O nosso assentimento também assente aos limites, move-se dentro das suas fronteiras. Também assente aos opostos e sintoniza-os entre si. Une-os de forma criativa e fá-los prosperar.

Este assentimento é amor, livre de intenções e livre de temor. Está em sintonia com aquele movimento criativo do qual tudo o que existe toma a sua existência e que, ao assentir, o mantém existindo tal como é. Este assentimento completa — tudo.

Bert Hellinger In Plenitud. La Mirada del Nahual (2010)

Tradução por Eva Jacinto